No campo

O Xico trabalha na Quinta desde 1984, é o nosso braço direito no campo e esquerdo em quase tudo. É ele que sabe onde passam os canos, onde entram e saem os fios elétricos. O Xico conserta o estragado, arranja o desarranjado. Não há quem não “vá perguntar ao Xico”. Tudo o que sabe aprendeu a fazer e a ouvir. Se há gente que no campo faz a diferença são pessoas como o Xico, os que viveram sempre com os pés na terra, tanto literal como figurativamente. Quando queremos uma opinião assertiva é ao Xico que a vamos pedir. Um homem de confiança.

O Boonchu foi o primeiro tailandês a chegar à Quinta. Veio em Dezembro de 2011. E veio para ficar. Todos os anos diz que são só mais dois, mas os dois têm-se multiplicado ano após ano. O Boonchu já é o segundo boss, logo a seguir ao Xico.
Como é característico do povo asiático é sempre igual, sempre ao mesmo ritmo, sempre com um sorriso e um agradecimento, sem surpresas, é assim o Boonchu. Tão bom, que resolvemos multiplicar por 3.

Um ano depois chegou o Chaiwat. A mesma dedicação, o mesmo empenho o mesmo ritmo.

E em 2018 o Pachernchok, em “português” Chô.

Dizem que na vida nada é por acaso e o Helder vem sem dúvida confirmar esta frase.
Começou a trabalhar connosco em Agosto de 2017, tem 31 anos e nunca tinha conseguido um emprego, só, só mesmo, porque é surdo. Agarrou esta oportunidade com unhas, dentes, mãos e pés. O Helder é um trabalhador TOP, incansável e agora um homem feliz.

O Gourmet e o Navjot chegaram em 2021 tal como muitos outros vieram do outro lado do mundo, neste caso da India, para trabalhar na Europa. Chegaram à Quinta depois de já estarem em Portugal há uns tempinhos. Tal como todos os outros estrangeiros que temos, chegaram para nunca mais saírem.

No armazém

A Mena está na Quinta desde 1997. Mal sabia ela quando veio para cá que um dia ia ser profissional a fazer cabazes. Está na história desde o cabaz número um, quantas vezes não me disse “- Já não vamos conseguir fazer mais” muitos dias a achar que estávamos no nosso limite ... e temos aprendido juntas que os limites podem ser sempre ajustáveis.
Com a ajuda de novas instalações, novos procedimentos e cada vez mais know how até ela se espanta com a quantidade de cabazes que afinal conseguimos fazer todas as semanas.

Em 2015 o Sr. João veio fazer um estágio do IEFP para a Quinta. Foi um mês a inventariar, limpar, arrumar todas as ferramentas. Correu muito bem, foi convidado a ficar. Com jeito para quase tudo, foi a fazer “quase tudo” que ficou. Passou pelo campo e foi parar ao Armazém. Exemplo vivo da polivalência, essencial numa pequena empresa. É bem provável que ainda passe por outras experiências.

O Sarbjit chegou à Quinta em 2021.Veio da India, chegou aqui pela mão de uma das muitas empresas de trabalho temporário. Bom trabalhador, muito inteligente (em pouco tempo aprendeu a falar ler e escrever em português). Rapidamente o contratámos e passou a trabalhador da Quinta. Acredito que se sinta bem a trabalhar connosco. Anda a aprender português.

O Rui veio em 2021 trabalhar no armazém, fazer a receção e distribuição dos produtos, organizar o espaço. Nos primeiros tempos era muito sisudo, verdade também que os primeiros contactos serem em tempos de máscara é muito mais difícil. Mostrou-se um ótimo trabalhador. Muito organizado, ponderado, ao fim de uns meses foi convidado para responsável de armazém.

Na distribuição

O Duarte Belo: O Duarte, apesar de ter um estatuto especial não deixa de ser um maravilhoso membro da equipa. Em 2014 lancei um desafio. Quem queria criar uma empresa e vir trabalhar connosco na distribuição dos cabazes? O Duarte respondeu, gostou da ideia, criou a empresa, e começou. Primeiro ficou com o concelho de Sintra e mais tarde com toda a Margem Sul. O Duarte é mesmo espetacular. Super organizado e dedicado à causa. É sempre o primeiro a chegar para carregar o carro e o primeiro a sair. O mais engraçado é que diria que era muito pouco provável que cá se mantivesse por tanto tempo. Mais um juízo precipitado.

O Pedro Rodrigues (o segundo Pedro a entrar, por isso o responsável por termos que dar apelidos aos Pedros), começou a trabalhar na Quinta em Maio de 2018 Este Pedro é um foguetão na verdadeira aceção da palavra. Ele passa a correr, sai a correr, chega a correr. Se houvesse uma corrida de 100m para distribuidores de cabazes nós inscrevíamos o Pedro.

O Hugo chegou em 2021, depois de anos a trabalhar em atendimento ao cliente em loja, veio substituir o Marcelo (o nosso tropa). Se ao princípio parecia meio perdido, hoje já está bem enturmado. Tal como todos os colegas não tenho dúvida de que é um excelente representante da Quinta quando bate à porta dos clientes.
O Hugo é também elemento integrante da equipa do Mercado do Principe Real ao sábado.

No escritório

A Bruna veio trabalhar para o escritório em Fevereiro de 2014, é ela que recebe as encomendas dos clientes, as processa, faz as encomendas aos fornecedores e fatura cabaz a cabaz. A Bruna é o nosso “tailandês” no escritório. Sempre ao mesmo ritmo, sempre disponível, sempre com um sorriso, sempre paciente. A Bruna não muda nunca o tom de voz, mesmo no meio de um holocausto, sempre pausado, calmo, sereno. (diz que já não é bem assim ... que mudou, que está mais refilona... ainda não dei por isso)
Transmite confiança e tranquilidade. Eu sei que a Bruna nunca deixa de fazer o que lhe compete. O que mais me admira (e acho que nunca lhe disse) é que em todos estes anos, com vários milhares de faturas processadas não deve ter errado mais de 10 vezes.

Na cozinha de produção

A Piedade é a mulher do Xico, trabalha na Quinta desde Dezembro de 2018. Já nos conhecíamos, como é obvio, mas nunca imaginei que fosse tão assertiva. Gosto de pessoas assim, que reclamam quando as condições para poderem fazer um bom trabalho não estão de acordo com o que necessitam. A Piedade veio trabalhar como segundo elemento, mas rapidamente assumiu a liderança. Está entre os elementos da equipa que faz acontecer.

A Carmo entrou em 2020 para segundo elemento da cozinha. Mais uma super trabalhadora. Em conjunto com a Piedade fazem uma super equipa. Tão boa que tem sido difícil encontrar elementos à altura para trabalhar com elas.

Nos mercados

São estudantes universitários que fazem os nossos mercados ao sábado. Sinto orgulho nesta malta nova que estuda durante a semana e que ao sábado se levanta às 6:00 da manhã para ir fazer os 2 mercados onde estamos Príncipe Real e Cascais. Faça chuva, faça sol, ou tempestade lá estão eles.
Ontem foram uns, que, entretanto, já acabaram o curso e começaram a trabalhar, hoje são outros e amanhã serão ainda outros mas todos com a mesma vontade de fazer o melhor.
Hoje os Hugos, o Gurmeet, o Tomás, o Sarbjeit dizem presente.

Os meus filhos

Os meus filhos que estão cá desde que nasceram, que já todos de alguma maneira fizeram parte desta equipa e que continuam a fazer parte desta casa. Que viram, não com o maior agrado, a casa invadida. O seu espaço tornado público. Sim, sei que não é fácil, o que me leva a achar que valeu mesmo a pena é pensar que se não fosse assim provavelmente esta já seria a casa de outros.

O Duarte o meu filho mais velho, começou a trabalhar na Quinta logo no início do projeto, tal como eu fez de tudo um bocadinho, hoje tem um projeto em conjunto com a Madalena, a sua mulher, desde Junho de 2021. Está alojado num cantinho da Quinta. Um cantinho que vale a pena conhecer. É um projeto que vive à volta das flores que eles cultivam. Chama-se Flo e veja tudo em https://weare-flo.com/.
Na Quinta está a desenvolver um projeto para o primeiro hectare de agricultura regenerativa/agro floresta. Um passo à frente do modo de produção biológico que hoje praticamos.
Dizem que não é fácil trabalhar com a família e nós dois bem o sabemos, mas o que me faz sentir que vale a pena é saber que pensamos do mesmo modo nas grandes decisões, as que têm a ver com valores, princípios e caminhos a seguir. O resto são “peaunuts” que vamos ter que aprender a gerir.

A Carlota, por ser minha filha, não tem data de entrada. Nasceu aqui, viveu aqui e foi fazendo umas perninhas aqui e ali, até ir estudar para Londres. Quando voltou esteve algum tempo nos eventos até o Tomás a desafiar a dirigir o restaurante em conjunto. Hoje é a responsável de eventos e de sala. Super metódica, super organizada e exigente, é muito boa na gestão do espaço e da equipa. Como sou bem mais do género de trabalhar sob pressão, por vezes até me questiono como posso ter uma filha assim.

As amigas

Que ajudaram estando presentes quando foi mais preciso e tão importantes que foram e são na evolução desta Quinta. Com trabalho “pesado”, com animo ou com investimento. A Lena, a Leonor, a Teresa, a Manela cada uma delas tem um bocadinho de si aqui.

Bem hajam todos os que aqui dão e/ou deram o melhor de si.

Luísa

Sou eu, a Luisa

Um dia tive uma ideia, da ideia nasceu um projeto, do projeto nasceu a obra, da obra está a nascer uma vida. E esta ideia, este projeto e esta obra um dia vão ter vida própria, tal como os meus filhos, e não vão depender de mim.
Estamos em 2022 e está a chegar a hora de passar a pasta. Gostava de ainda poder ver esta Quinta a florescer ainda mais, já nas mãos dos meus filhos. Quem sabe?
Está na hora de ter outra ideia…(mais à ajustada à idade)

Tenho que confessar que de cada vez que me pedem para atualizar “a equipa” fico um pouco mais assustada. Nunca pensei que alguma vez chegasse a ter tanta gente a trabalhar neste projeto. É um orgulho saber que conseguimos chegar até aqui com todos os elementos da equipa com contratos efetivos e com as “contas todas em dia”, mas é também um susto. No entanto, suspeito, que ainda não vamos ficar por aqui.

Uma palavra ainda para os nossos estrangeiros. É um orgulho poder constatar que quando cá chegam, já não se querem ir embora. Tenho a certeza de que se sentem bem e seguros, num local onde têm vencimentos iguais aos de todos com a mesma função, onde trabalham 8 horas por dia, onde têm uma casa digna.
Do nosso lado só temos que lhes agradecer a dedicação que mostram mesmo estando tão longe da família e do seu país.