O tema da carne é um grande tema. Hoje, ao passar pelo Instagram vi este video do Guy Watson a falar sobre a produção de porcos e achei que fazia sentido juntar-me a ele e falar um bocadinho sobre o tema.
Perguntam-me muitas vezes o que acho sobre o assunto, se consumo, se acho que se devem continuar a criar animais para nos alimentarem, se faz sentido, e se faz como faz sentido.
O que vou deixar aqui é mesmo e só a minha opinião, a minha opinião baseada na experiência como agricultora, mais do que como consumidora.
Os animais fazem falta no ciclo de produção. O estrume animal, seja em fresco ou já “processado”, diria que é imprescindível para termos um solo bem nutrido. Se não houver consumo, criar animais que nos ajudam a manter um solo fértil vai acabar. Criar animais de uma forma correta é caro, ninguém irá ter capacidade económica para criar animais só porque sim.
Saber que os animais vão morrer, a mim pessoalmente não é o que mais me “atinge”, o que me entristece mesmo é saber o modo.
E é também no modo como os animais são “produzidos” que está o problema. Basta o facto de se usar o termo “produção animal” para percebermos que algo está errado. Os animais não se produzem, criam-se.
Criar um animal é respeitar a sua natureza, é proporcionar-lhe condições para ter uma vida feliz e saudável, é disponibilizar-lhe espaço, contacto com a terra e bom alimento.
Todos sabemos as condições em que 99,999% dos animais que consumimos nascem, crescem e morrem. , e se não sabemos é só porque preferimos viver na ignorância da famosa frase “eu não quero saber”.
Mas já agora:
Os porcos são criados entre baias, nem sobre si mesmos conseguem rodar, passam toda a sua vida sem dar um único passo. Ficam presos do principio ao fim da vida, quanto menos movimento, mais depressa engordam e mais “tenra” é a carne.
O gado “de engorda” (vacas), tal como o nome indica, nasce para engordar. Engordar o mais possível, no mais curto espaço de tempo possível. Ficam estabulados do principio ao fim da vida, quanto menos movimento, mais depressa engordam e mais “tenra” é a carne.
Os frangos, perus e afins vivem confinados a um aviário onde moram “aconchegados” por outros milhares de semelhantes. Ficam acotovelados do principio ao fim da vida, quanto menos movimento mais depressa engordam e mais “tenra” é a carne.
E isto tudo para podermos carne barata, porque sendo barata podemos comer muitaaa….
Felizmente há cada vez mais pressão para que os animais passem a ser criados com respeito.
E se há quem continue a achar que tudo isto não faz sentido numa perspectiva de vida animal, então que pense em si e na qualidade da carne que está a ingerir
Há muita coisa nestes processos que pode ser evitada e que está nas mãos do consumidor.
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