Tinha o tema certo para o dia de hoje. Mas não me apetece. Não me apetece falar de nada. Estamos todos muito tristes. É um dia muito, muito triste.

Bem sei que esta não é a primeira guerra a que assistimos, houve outras, umas que já acabaram outras que continuam. Não há guerras piores nem melhores. Não há guerra mais perto ou mais longe. Guerra é guerra.

Mas seja como for, esta está aqui e está a acontecer agora. Acho que todos nos estamos a colocar ou a imaginar no lugar de todos estes ucranianos. A decisão de fugir ou ficar. Fechar a porta de casa. Escolher o que levar e o que deixar. Ira para onde e como. Ficam os homens sozinhos, vão as mulheres e crianças sozinhas.

Não termos comida nos supermercados bem combustível nas bombas. Não termos uma farmácia aberta ou possibilidade de chegar a um hospital só porque estamos doentes. Caixas multibanco vazias. Famílias separadas, homens que ficam para defender o país mulheres e crianças que têm que fugir. E lá porque se fica não quer dizer que a coragem não falhe, que o medo não se apodere.

Não paro de pensar nas famílias de todos os que estão a ser mobilizados. Seja de que lado for. Mães são mães e pais são pais.

Que horror!

Como, num instante, tudo muda e percebemos que afinal tudo é tão relativo. Andamos há dois anos com medo, quando afinal o verdadeiro medo é guerra.