Há cerca de duas semanas atrás, estava a fazer o meu caminho para casa e dei por mim parada no trânsito a ver um homem a sulfatar os seus campos de cultivo. Lá estava ele, equipado da cabeça aos pés, tal e qual um enfermeiro na linha de frente na luta contra a pandemia.
De cabeça quente, a vontade era sair do carro e perguntar o porquê de estar tão tapado enquanto trata do alimento que lhe irá servir a ele e a muitos outros. Poderia perguntar até se lhe fazia sentido “nutrir” a planta e o solo com algo que nem deixa que lhe toque na pele. Tudo isto para mim era de uma falta de lógica imensa. Depois de algumas respirações bem profundas, perguntei-me a mim mesma: Será que ele sabe? Será que ele sabe o que está a fazer ao solo, a todos os pequenos ajudantes que poderia ter e à biodiversidade que esta terra merece? Será que ele entende o impacto que vai ter na saúde de quem consome os alimentos que ele produz?
Estas e muitas outras perguntas continuaram a assombrar-me até chegar a casa, quando me sentei e questionei-me “Será que alguma vez aquele homem foi informado sobre tudo isto que aqui me vai na cabeça?”. Somos de gerações diferentes, de realidades diferentes. Eu nasci numa Quinta que aos meus 10 anos se virou por completo para a agricultura biológica, falo do assunto desde que me lembro de ser gente, mas e ele?
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